Pensei em falar sobre a pandemia
 



Cronicas

Pensei em falar sobre a pandemia

Regina Célia Campana





PENSEI EM FALAR SOBRE A PANDEMIA

Esse assunto que transborda os noticiários já há dois anos, praticamente, sobre os efeitos e consequências nefastas que assolaram a população humana, mundial.
Quis falar mais, como se já não bastasse tudo o que vem se falando, e o que ouvimos diariamente nos meios de comunicação. Relatos pessoais e de comunidades. Dos danos individuais e perdas de parentes, amigos e conhecidos.
Pelo mundo afora se ouviu e se viu as dores psicológicas, os confrontos com a realidade, que nos levaram a dar conta de nossa finitude. A psicologia nos revela que precisamos deixar adormecida essa realidade. A única certeza que temos. Pois foi justamente essa premissa que nos arrebatou e nos encheu de medos e inseguranças, quanto ao futuro, nosso e de nossos descendentes. Nos deixou inseguros quanto à continuidade e às possibilidades de realização de nossos planos, a realização de nossos sonhos.
Pois é, e enquanto isso, nos bastidores da vida cotidiana, seguia uma população cuidadosa, e ensejosa de conseguir atingir seus objetivos, com ânsia de fazer o que se propôs esquecendo da morte, não negligenciando-a, mas sublimando-a, pensando na vida e tentando fazer dessa oportunidade, dessa estada aqui no planeta, o melhor possível. Tirando proveito e na medida do possível com alegria.
Quando foi sugerido que as Olimpíadas acontecessem, houve muitas opiniões controversas, devido ao momento de alto contágio. Também pensei que não seria prudente deixar acontecer um evento de tal magnitude, onde estariam presentes representantes de vários países, gente de todo o canto do mundo. Porém, e apesar disso, os jogos foram abertos.
Estamos vendo indivíduos que se prepararam, olhando para o término de seu trabalho, coroados com o êxito, como o caso da pequena Raissa Leal, no Skate; com treze anos apenas, levanta a medalha de prata em Tóquio. Momentos antes de começar sua performance, ela disse que estava se divertindo, que estava feliz, como se estivesse na pequena cidade de Imperatriz no Maranhão. Poderia citar outros tantos brasileiros, como o Ítalo no Surf, menino pobre também, colocou seu objetivo como meta, na frente de qualquer adversidade. Momentos antes de entrar no mar para a última bateria, que o consagraria campeão com medalha de ouro, foi perguntado se ficaria feliz com outra medalha que não fosse ouro, ele respondeu: “ não, eu vim para ganhar! ”. Ele não pensou na pandemia, nem na morte, pensou apenas em ganhar, porque isso o fazia feliz.
Rebeca Andrade, também moça pobre, muitas vezes precisou abandonar os treinos por falta de dinheiro para pagar um treinador, levou ouro nos saltos da ginástica artística.
Esses são apenas alguns casos entre tantos outros, anônimos, por esse Brasil afora, que fazem a diferença e deveriam nos inspirar a buscar maiores espaços na inteiração com nossos sonhos.
Nós, com nossa carga de vivências, nos acostumamos a dissociar responsabilidades do prazer. Nós que estamos inteiriçados, devemos reaprender os nossos limites, porque fazendo ou não fazendo, a vida vai passar de qualquer forma, então, vamos olhar as nossas possibilidades, pensar que isso é possível e vivenciar com alegria cada pequeno gesto criativo.

 

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